A proliferação das atividades de gangues criminosas é enorme. Um
relatório recente da National Gang Intelligence Center do FBI estima que o total de membros
de gangues em todo o país atinge o número aproximado de de 1,4 milhões de pessoas. Esses membros
estão espalhados por mais de 33.000 gangues atuantes, tantos nas ruas quanto em prisões, assim como gangues de
motociclistas fora-da-lei. Desde os anos 1980, as gangues tornaram-se cada vez
mais conscientes sobre as práticas e métodos de interrogatório, assim como as técnicas de
aplicação da lei.
A maioria dos membros de gangue não têm medo ou são dificilmente intimidados pela aplicação da lei, porque eles, entre seus antecedentes, foram forjados em um ambiente onde o medo e
intimidação são a norma. Lealdade e orgulho são importantes para as quadrilhas,
e respeito é igual a medo. Quando os membros de gangues dizem "Ele não
me respeita o suficiente", isso normalmente significa que "Ele não tem
medo de mim o suficiente." Vingança é, também, uma alta prioridade dentro
cultura de gangues. O fracasso em exercer retaliação quando uma gangue rival vitimou um
membro da gangue é um sinal de fraqueza e vai diminuir a reputação de uma
gangue. Cooperar com a polícia, ou "dedurar", é inaceitável e pode
levar a fatalidades. Os membros de gangue vivem por um código de silêncio que
tem de ser quebrado através durante um interrogatório.
A aplicação da lei deve estar ciente de que os membros de gangues
são especialistas práticos em leitura comportamental. Eles desenvolveram os seus
poderes de observação como um meio de sobrevivência rua, influenciado por sua
experiência passada com a aplicação da lei, o que lhes foi dito por membros
mais velhos do grupo, e o que é retratado na mídia. Durante um interrogatório
agentes de aplicação da lei devem ser conscientes de seu próprio comportamento.
Qualquer sinal de fraqueza ou incerteza irá trabalhar em favor de um membro da
gangue.
Inconvenientes de confronto
A maioria dos membros de gangues têm experimentado o método de
confronto tradicional de interrogatório. Uma vez levado em custódia eles
esperam serem confrontados pelo investigador para que possam fazer repetidas
negativas. Muitas vezes, membros de gangues acreditam que se sairão melhor quanto menos informações oferecerem. Quando os agentes usam uma abordagem agressiva com membros de
gangues, sem saber, estão dando aos seus suspeitos uma vantagem. Membros
de gangues pode antecipar o conflito que o confronto cria e combinar abordagem
direta e agressiva do interrogador, criando um ambiente mais difícil e
volátil de comunicação. Quando um segundo oficial entra no
interrogatório, o membro de gangue antecipa o "policial bom, tira
mau" de rotina, percebendo que simplesmente é outra tática para provocar e
garantir uma confissão.
Abordagem sem confrontos
A abordagem interrogatório sem confrontos evita colocar membros de
gangues em uma situação na qual lhe -são oferecidas oportunidade de negar o seu
envolvimento em um crime. Esta técnica conduz os membros de gangues a improvisar uma
estratégia diferente, porque eles esperam por uma acusação direta que nunca
ocorre. Não possuindo nenhum ponto de referência de como lidar com esta técnica, falta-lhes a confiança para responder e ganhar o controle do
interrogatório. Os suspeitos podem forçar o interrogador a se retirar desta estratégia sem confrontos e retornar a uma abordagem mais agressiva com os quais o interrogado têm
maior experiência. As mais jovens gerações de membros de gangues são ideais para a abordagem
não confrontacional, porque elas são mais colaborativas e comunicativas do que seriam com o uso
tradicional da acusação direta.
Semelhante a outros criminosos, membros de gangues tendem a
confessar quando eles acreditam que a sua culpabilidade tenha sido estabelecida
e quando há evidência convincente de seu envolvimento. A abordagem não
confrontacional protege as evidências disponíveis, evitando a sua apresentação
aos suspeitos. Esta abordagem impede suspeitos de atacar diretamente a evidência e protege o sigilo sobre como ela foi obtida [protegendo informantes e testemunhas]. Os membros de gangue ficam, assim, limitados em sua capacidade de se defender, porque eles não conseguem saber
exatamente o que o interrogador sabe, quem sãos as testemunhas que os identificaram, quais provas físicas foram recuperadas, ou se a sua culpabilidade foi confirmada.
Ao contrário da abordagem de confronto, o investigador desenvolve
várias racionalizações antes de acusar o suspeito. O interrogador lança mão de questões assertivas [que não podem ser respondidas com um simples sim ou não] - a sútil sugestão que deixa nas entrelinhas que a culpa do suspeito já foi
estabelecida - até o ponto em que a acusação finalmente é feita. Racionalizações sob a forma de histórias servem para minimizar a gravidade do crime e dar aos membros de gangues de oportunidades para justificar psicologicamente o seu comportamento desviante.
Exemplos típicos incluem o apelo ao "calor do momento, a vingança, a pressão
financeira, ou a pressão dos colegas. Uma razão como estas funciona bem em interrogatórios
relacionados com membros de gangues que, em regra, desenvolvem uma grande dependência de aprovação pessoal. Uma vez que alguém se
junta a um grupo, a pessoa procura a aprovação do líder e companheiros de
gangue da quadrilha. Usando esta explicação, aos membros de gangues sob
questionamento são oferecidas a chance de defender [e vangloriar-se] suas ações.
Fases de interrogatório
A abordagem não confrontacional contém quatro fases críticas. A
primeira envolve a verificação de informações pessoais e estabelecer uma relação com o interrogado, ou seja, um esforço para identificar a verdade através do comportamento do membro de gangue e
desenvolver uma conexão entre o investigador e o suspeito. Os membros das forças de aplicação da lei podem mostrar respeito e começar a desenvolver uma conexão,
chegando a começar o interrogatório com um aperto de mão firme e uma saudação sem condescendência.
A segunda fase suporta o método de declaração introdutória.
Durante esta fase, os investigadores compartilham aspectos de seus antecedentes e explicam suas funções no processo de investigação dos casos. Os policiais também detalham experiências pessoais sobre como crimes semelhantes ocorreram e como
investigações foram capazes de identificar os autores. Nestes 5 minutos críticos, os investigadores
podem estabelecer a sua própria credibilidade e causar a impressão, nos membros de gangues, de que eles já estão presos sem permitindo-lhes a oportunidade de
se esconder atrás de uma negação direta.
O terceiro consiste em racionalizar hipóteses na terceira pessoa, permitindo que os membros de gangues justifiquem seu comportamento ao mesmo tempo que acabam por admitir a culpa. O
interrogador oferece desculpas ou razões para justificar psicologicamente
conduta criminosa dos suspeitos.
A quarta fase começa por acusar os suspeitos, usando uma questão aberta que evite respostas simples ("sim" e "não"). Uma vez que os membros de gangues fornecem a primeira admissão, a
fase continua desenvolvendo os detalhes restantes para cada crime em que os
suspeitos foram envolvidos. Um fechamento profissional, o que pode ser
específico para cada caso ou jurisdição, conclui o processo de interrogatório.
Conclusão
A abordagem interrogatório sem confrontos funciona bem com os
membros de gangue, porque evita conflitos e negações, convence sem ser
agressivo, e liga as razões mais comuns para indivíduos apelando para a aceitação da culpa pela na esperança de clemência. Sentindo que não tem saída a não
ser confessar, apela-se a sentimento de orgulho do que eles fizeram, ganhando status dentro do
grupo, e colocando sua narração no centro da história. Esta abordagem direciona
suspeitos de acreditar que está sendo entrevistado quando a declaração
introdutória é, de fato, um interrogatório. Ao mesmo tempo, essa técnica
permite membros de gangues uma oportunidade
para dar uma interpretação positiva sobre a situação. Ele também pode aliviar
qualquer culpa eles têm sem incentivá-los a mentir para o investigador.
Texto original em inglês: AQUI
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